Cuidados com Peixes de Água Doce no Frio: Como Evitar Fungos e Entender a Queda no Apetite

Durante o período de temperaturas mais baixas, os peixes de água doce entram em um estado fisiológico diferente, exigindo atenção redobrada dos criadores. O frio não só reduz o metabolismo e o apetite, como também favorece o surgimento de doenças fúngicas, especialmente em ambientes com manejo inadequado ou mudanças bruscas de temperatura.

Por que o peixe come menos no frio?

Peixes são animais ectotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal depende diretamente da temperatura da água. Quando a água esfria, o metabolismo deles desacelera, reduzindo a atividade geral e o consumo de alimento. Esse é um mecanismo natural de adaptação, mas exige ajustes no manejo:

  • Reduza a frequência e a quantidade de ração oferecida.
  • Prefira rações de alta digestibilidade, enriquecidas com vitaminas, especialmente A, C e E.
  • Alimente nas horas mais quentes do dia, quando a água atinge sua temperatura máxima.

Evitar sobras de ração é essencial, pois o excesso de matéria orgânica na água favorece o crescimento de fungos e bactérias.

Por que o risco de fungos aumenta?

O frio afeta diretamente o sistema imunológico dos peixes, tornando-os mais vulneráveis. Além disso, a camada de muco protetor da pele e das brânquias pode ser comprometida com oscilações de temperatura e estresse, permitindo a entrada de patógenos oportunistas. Um dos mais comuns é o fungo Saprolegnia, que se desenvolve em feridas, ovos e áreas danificadas do corpo dos peixes.

Sintomas comuns de infecção fúngica:

  • Manchas brancas ou acinzentadas em forma de fiapos de algodão;
  • Comportamento letárgico ou dificuldade de locomoção;
  • Perda de apetite acentuada;
  • Respiração ofegante ou alterações nas brânquias.

Prevenção é o melhor tratamento

A prevenção das fungoses durante o frio começa com a estabilidade ambiental. Confira as principais boas práticas:

1. Controle da qualidade da água

  • Mantenha a temperatura estável dentro da faixa ideal para a espécie.
  • Evite choques térmicos provocados por trocas bruscas de água.
  • Monitore regularmente parâmetros como pH, amônia, nitrito e oxigênio dissolvido.

2. Manejo alimentar adequado

  • Adapte a ração à estação e não force a alimentação.
  • Use suplementos vitamínicos, principalmente nas semanas que antecedem frentes frias.

3. Evite estresse nos peixes

  • Reduza a densidade populacional nos tanques ou viveiros.
  • Evite manuseios, transporte ou arrastos de rede em dias muito frios.
  • Mantenha a calma do ambiente e minimize ruídos e interferências.

4. Isolamento de peixes doentes

  • Ao menor sinal de infecção, remova o peixe afetado para um tanque hospital.
  • Isso impede a propagação do fungo para os demais.

5. Uso de sal e antifúngicos (com orientação técnica)

  • Banhos de sal (1 a 3 g por litro) são uma alternativa segura e eficaz em muitos casos leves.
  • Em casos mais graves, pode-se recorrer a medicamentos antifúngicos específicos, sempre com prescrição ou acompanhamento técnico.

Conclusão

O inverno é uma fase crítica para a piscicultura, mas com planejamento e atenção, é possível manter a saúde dos peixes sob controle. Ao entender o comportamento natural deles durante o frio e aplicar as medidas preventivas certas, você reduz drasticamente os riscos de infecção e garante o bom desempenho da criação até o retorno das temperaturas mais amenas.

Lembre-se: peixe saudável começa com água de qualidade e manejo consciente — principalmente nas épocas de maior desafio climático.